sexta-feira, 22 de março de 2013

O poder da dissuasão

Eu iria tentar compilar tudo em uma só postagem, porém o texto que me inspirou a escrever este é tão interessante que preferi publicá-lo na íntegra, apenas com pequenas modificações. O texto, intitulado "A Guerra da Lagosta" pode ser lido clicando aqui. Sugiro que leiam antes de prosseguirem neste.

No caso em questão, provavelmente com medo da opinião pública mundial, que possivelmente veria com maus olhos o ataque da potência nuclear e militar França contra o pobrezinho Brasil e pelo fato de acharem que o Brasil contava com o apoio dos Estados Unidos, os franceses recuaram. Mas nem por isso podemos considerar o Brasil vencedor da queda de braço.

A bem da verdade, apenas por fatores externos os franceses desistiram do seu intento. O Brasil, apesar de engrossar, mostrou-se extremamente frágil militarmente, com equipamentos arrendados e sucateados. A ponto dos Estados Unidos, arrendadores de alguns navios de guerra utilizados pelo Brasil ordenarem que os mesmos regressassem às bases. Vejam o absurdo!



Atualmente, com o interesse estratégico brasileiro é inadmissível uma ação como a realizada pelos franceses, bem como a que vem sendo realizada pelos japoneses e citada no mesmo artigo sobre a "Guerra da Lagosta". 

Tudo isso ocorre porque o Brasil não tem forças armadas com o poder de dissuasão. Dizem que para se manter a paz, é necessário se armar. Eu compartilho desse pensamento. A história é repleta de exemplos. Recentemente, os Estados Unidos invadiram Afeganistão e Iraque, mas não tem coragem de declarar guerra ao Irã e Coréia do Norte apesar destes dois últimos sempre pisarem no calo do "Tio Sam". Como dizem, bater em bêbado é fácil e é isso que as grandes potências acham ao olharem para o Brasil.



Querem outro exemplo? A Guerra das Malvinas mostrou como forças armadas profissinais permanentes, bem treinadas e bem equipadas, podem se sobressair sobre forças geograficamente mais bem posicionadas, porém mau aparelhadas e milicianas. 

Uma nação com o poder econômico como a nossa não pode se dar ao luxo de ser visto como bêbado. Nosso submarino nuclear virou piada, o projeto F-X2 de reaparelhamento da FAB já está virando chacota e nosso exército tem que se virar com os obsoletos fuzis FAL. A pouco tempo atrás ficou demonstrado que nosso país não possui munição para mais do que uma hora de engajamento (clique aqui para ler).

E nosso programa espacial que nos permitiria, com pequenas adaptações, produzir misseis intercontinentais? Está engatinhando.

Muitos argumentarão que como a América do Sul possui fronteiras bem definidas não há uma real motivação para gastos militares. Sim, concordo, mas conflitos regionais não deveriam ser o único motivo para um país, que possui aspirações como o nosso, se aparelhar militarmente. 



Outros dirão que precisamos primeiro nos preocupar com o social, que nossa saúde, educação etc são precários. Concordo, mas o aumento do investimento em um setor não significa necessariamente redução no outro.  Há dinheiro para isso, haja visto o fato de sermos um dos países que mais arrecadam em impostos. O Brasil não melhora as condições sociais de seus cidadãos, não por falta de dinheiro, mas pelo fato da Máquina Pública ser dispendiosa, faltar planejamento e principalmente, haver muita corrupção. Além disso, temos riquezas inestimáveis que certamente serviriam para, caso os recursos provenientes fossem aplicados corretamente, melhorar consideravelmente as condições do povo. Mas para isso, precisamos proteger esses recursos, que estão sendo roubados na cara de pau pelas grandes potências, porque não possuímos o poder  de fiscalização e dissuasão.

Não entramos em conflitos, mas quando menos esperarmos, podemos precisar não apenas sermos fortes, mas mostrar, que somos fortes. A "Guerra da Lagosta" mostrou isso.

Artigo original. Sua reprodução é livre desde que seja incluído o link ativo: 
http://feriasdoclark.blogspot.com. Lei n.º 9.610/98.

2 comentários:

  1. Muito interessante o texto acima, no entanto, não entendi o sentido do tema, veja: dissuasão é sinônimo de desistência, de desaconselho. No entanto, seguindo o texto, não seria o Brasil ter maior poder de persuasão, no sentido de levar a aceitar, convencer, induzir?

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    1. Olá Ricardo! Obrigado pelo comentário.

      Infelizmente sua colocação, apesar de estar em parte correta, possui um pequeno equívoco. Vou colar a definição de dissuadir abaixo:

      v.bit e v.pron. Induzir ou instigar alguém a mudar de opinião ou de intenção; fazer com que essa pessoa mude de ideia e desista de uma decisão anteriormente tomada: o padre dissuadiu-o de entrar para o seminário.
      (Etm. do latim: dissuadere)

      http://www.dicio.com.br/dissuadir/

      Como percebeu, dissuadir está sim relacionado a desaconselho e desistência, mas no sentido de induzir a desistência. Apesar do equívoco, agradeço pela boa intenção em contribuir com o blog e peço que continue nos prestigiando. Para nós é muito importante a participação dos leitores.

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