O médico e escritor Drauzio Varella criticou o documento que o movimento Pró-Vida entregou a presidente Dilma Rousseff com ameaça de haver “grande atrito” caso ela sancionasse sem veto o projeto de lei que estabelece protocolos de atendimento a vítimas de violência sexual nos hospitais públicos.
Diz o documento, no caso de haver sanção da lei sem veto (o que acabou ocorrendo): “As consequências chegarão à militância pró-vida causando grande atrito e desgaste para Vossa Excelência, senhora presidente, que prometeu em sua campanha eleitoral nada fazer para instaurar o aborto em nosso país”.
Para o Pró-Vida, a nova lei, ao garantir às vítimas de abuso sexual a “profilaxia da gravidez”, é um jeitinho que o governo adotou para legalizar o aborto, pelo menos nesses casos.
No Folha de S.Paulo, sob o título “Fascismo em nome de Deus”, Varella escreveu “quem são, e quanto são, esses arautos da moral e dos bons costumes. De onde lhes vem a autoridade para ameaçar em público a presidente da República?”
Acrescentou: “Um Estado laico tem direito de submeter a sociedade inteira a uma minoria de fanáticos decididos a impor suas idiossincrasias e intolerâncias em nome de Deus?”
Mais: “Em que documento está registrada a palavra do Criador que os nomeia detentores exclusivos da verdade? Quanto sofrimento humano será necessário para aplacar-lhes a insensibilidade social e a sanha punitiva?”
A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos Brasileiros) e as lideranças evangélicas no Congresso ainda pressionam o governo para mudar a nova lei, de modo que as vítimas de estupro não sejam medicadas, por exemplo, com a pílula do dia seguinte.
Fonte: Paulopes
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