Por @vitorzaoo para o blog Lunáticos.
Kenneth Rapoza, colunista da Forbes, famosa revista americana especializada em finanças fez um texto sobre uma verdade inconveniente para nós brasileiros: o preço dos carros em nosso país. Em um artigo para o site da revista, Rapoza desdenha de carros que são considerados automóveis de luxo aqui no Brasil, mas lá nos EUA são populares. O principal exemplo que Rapoza usou foi o recém-lançado novo Jeep Grand Cherokee. Aqui ele custa cerca de 180 mil reais na sua versão de entrada e lá, esta mesma versão, ficaria em torno dos 56.500 reais. Tal absurdo é justificado pela enorme lista de impostos sobre importados praticados no Brasil.
Em seu texto, Rapoza crítica tais impostos sobre o preço dos carros e faz uma comparação inusitada: relaciona o preço abusivo dos carros americanos vendidos aqui com o preço de um par de sandálias Havaianas, que lá custa cerca de 150 dólares. Sim, eu falei 150 dólares. Comparar um veículo com um par de Havaianas pode até parecer um absurdo, mas faz todo o sentido nesse contexto tendo como base a diferença de preços praticados em cada país. Só para se ter uma noção, veículos tidos como de luxo aqui no Brasil, que possuem um status de carro superior como Ford Fusion, Toyota Corolla, Chevrolet Cruze, Honda Civic, são vistos como carros populares para os americanos. Resumindo: O que o Fiat Uno Mille é para nós, o Ford Fusion é para eles. Tenso.
Entenda Por que o Brasil possui os carros mais caros do mundo
Do valor total de um carro vendido hoje no Brasil, 42% é só de impostos. Concordo que é altíssimo, mas já foi pior. De 1997 até 2010, as tarifas cobradas diminuíram em algumas categorias. Tendo como exceção os carros populares (até 1.0) que subiram 0,9% sua taxa tributária (de 26,2% para 27,1%), os carros médios a gasolina (de 1.0 até 2.0) tiveram uma baixa em 4,4% em seus impostos (de 34,8% para 30,4%). Os carros de luxo também tiveram uma queda de 0,5% em tarifas tributárias (de 36,9% para 36,4%). O desconto até parece pouco. E é mesmo.
Mas os impostos não são os únicos responsáveis pelo nosso prejuízo ao comprar carros zero km. A margem de lucro praticada pelas montadoras aqui no nosso país chega a ser três vezes maior do que em outros países. Um dos maiores exemplos do absurdo que é a margem de lucro cobrada por montadoras aqui no Brasil é o Honda City. Fabricado em Sumaré, no interior de São Paulo, ele é vendido no México por cerca de R$ 25,8 mil na versão LX, considerada de entrada. Em cima desse valor já está incluído o preço do frete, R$ 3,5 mil e a margem de lucro da revenda, cerca de R$ 2 mil, sobrando R$ 20,3 mil.
Adicionando os custos de impostos e distribuição daqui nesse valor, teremos R$ 16.413,32 de carga tributária (29,2%) e R$ 3.979,66 de margem de lucro das concessionárias (10%) dando um total de R$ 40.692,00. Sabendo-se que a margem de lucro da montadora já está incluída nos R$ 20,3 mil faturados no México, aqui no Brasil existe um lucro adicional, ou o Lucro Brasil, de R$15.518,00 já que o carro é vendido aqui no nosso país por R$ 56.210,00. O mesmo carro, fabricado aqui mesmo, é muito mais barato lá fora.
Sem falar que o deles ainda é mais completo do que o nosso já que já vem de série com freios a disco nas quatro rodas, ABS com EBD, airbag duplo, entre outros “mimos”. Outro exemplo é o Hyundai ix35 que é 37% mais barato lá na Argentina (R$ 56 mil lá, R$ 88 mil aqui). Não existe imposto que justifique esta diferença nos preços. Explicações para essa variação nos preços são várias. A mais comum é que os impostos aqui são altos, o custo de produção de veículos no Brasil é o mais alto do mundo
(O aço aqui é 50% mais caro do que na China, por exemplo). Sobre o custo de produção não dá para concordar 100%. Se tais custos fossem tão altos assim não estaríamos vendo tantas montadoras construindo fábricas aqui no Brasil. Uma justificativa para o Lucro Brasil ser mais baixo nos carros populares é por que as montadoras ganham pela quantidade de veículos vendidos, o que “justifica” o aumento na margem nos carros mais caros que vendem menos.
Outro motivo é que o mercado brasileiro não é tão competitivo como no México. Mas em compensação, somos maiores no valor total de vendas, o que derruba esse argumento amplamente utilizado por alguns executivos. Só para se ter uma ideia desse volume de vendas, o país que mais gerou lucro para a Fiat em 2011 foi o Brasil. Outro fator que justifica a alta margem de lucro das montadoras é o preço passado por elas ao consumidor. É simples: eles dão um valor e se o consumidor pagar, beleza.
Jeep Grand Cherokee |
Carros populares no Brasil (a esquerda, claro!) e nos Estados Unidos (a direita) |
Entenda Por que o Brasil possui os carros mais caros do mundo
Do valor total de um carro vendido hoje no Brasil, 42% é só de impostos. Concordo que é altíssimo, mas já foi pior. De 1997 até 2010, as tarifas cobradas diminuíram em algumas categorias. Tendo como exceção os carros populares (até 1.0) que subiram 0,9% sua taxa tributária (de 26,2% para 27,1%), os carros médios a gasolina (de 1.0 até 2.0) tiveram uma baixa em 4,4% em seus impostos (de 34,8% para 30,4%). Os carros de luxo também tiveram uma queda de 0,5% em tarifas tributárias (de 36,9% para 36,4%). O desconto até parece pouco. E é mesmo.
Mas os impostos não são os únicos responsáveis pelo nosso prejuízo ao comprar carros zero km. A margem de lucro praticada pelas montadoras aqui no nosso país chega a ser três vezes maior do que em outros países. Um dos maiores exemplos do absurdo que é a margem de lucro cobrada por montadoras aqui no Brasil é o Honda City. Fabricado em Sumaré, no interior de São Paulo, ele é vendido no México por cerca de R$ 25,8 mil na versão LX, considerada de entrada. Em cima desse valor já está incluído o preço do frete, R$ 3,5 mil e a margem de lucro da revenda, cerca de R$ 2 mil, sobrando R$ 20,3 mil.
Honda City, feito no Brasil e vendido mais barato fora do que aqui |
Adicionando os custos de impostos e distribuição daqui nesse valor, teremos R$ 16.413,32 de carga tributária (29,2%) e R$ 3.979,66 de margem de lucro das concessionárias (10%) dando um total de R$ 40.692,00. Sabendo-se que a margem de lucro da montadora já está incluída nos R$ 20,3 mil faturados no México, aqui no Brasil existe um lucro adicional, ou o Lucro Brasil, de R$15.518,00 já que o carro é vendido aqui no nosso país por R$ 56.210,00. O mesmo carro, fabricado aqui mesmo, é muito mais barato lá fora.
Sem falar que o deles ainda é mais completo do que o nosso já que já vem de série com freios a disco nas quatro rodas, ABS com EBD, airbag duplo, entre outros “mimos”. Outro exemplo é o Hyundai ix35 que é 37% mais barato lá na Argentina (R$ 56 mil lá, R$ 88 mil aqui). Não existe imposto que justifique esta diferença nos preços. Explicações para essa variação nos preços são várias. A mais comum é que os impostos aqui são altos, o custo de produção de veículos no Brasil é o mais alto do mundo
(O aço aqui é 50% mais caro do que na China, por exemplo). Sobre o custo de produção não dá para concordar 100%. Se tais custos fossem tão altos assim não estaríamos vendo tantas montadoras construindo fábricas aqui no Brasil. Uma justificativa para o Lucro Brasil ser mais baixo nos carros populares é por que as montadoras ganham pela quantidade de veículos vendidos, o que “justifica” o aumento na margem nos carros mais caros que vendem menos.
Outro motivo é que o mercado brasileiro não é tão competitivo como no México. Mas em compensação, somos maiores no valor total de vendas, o que derruba esse argumento amplamente utilizado por alguns executivos. Só para se ter uma ideia desse volume de vendas, o país que mais gerou lucro para a Fiat em 2011 foi o Brasil. Outro fator que justifica a alta margem de lucro das montadoras é o preço passado por elas ao consumidor. É simples: eles dão um valor e se o consumidor pagar, beleza.
Se não, lançam novos carros com outros preços para tentar ganhar o consumidor de novo. E se continuássemos insistindo em não pagar o preço estabelecido por eles, como ultima saída, pensariam em abaixar os preços. Revoltante. E isso é comprovado pelos próprios executivos das montadoras. “Quem define o preço é o mercado e não o custo. E não há motivo para baixar os preços se o consumidor paga o que cobramos” disse um executivo da Mercedes-Benz do Brasil explicando o porquê que o brasileiro paga R$ 265.000,00 em uma ML 350 que custa nos EUA cerca de R$ 75.000,00.
Pois é, moramos em um país que caminha para a terceira posição entre os maiores mercados consumidores de automóveis do mundo e ainda pagamos os maiores tributos sobre os carros com as maiores margens de lucros das montadoras no mundo. Não estou dando motivos para você não comprar o seu futuro zero km. Só estou mostrando o porquê de o mesmo ser tão caro aqui e tão barato em outros lugares (ou seria em todos os outros lugares?). É amigo, o Custo e o Lucro Brasil sãofodas complicados.
NOTA DO CLARK: Nós regulamos o mercado. Enquanto o brasileiro ver carro como sinônimo de status e não como um meio de transporte, continuaremos a ser extorquidos pelas montadoras. Sei que a tributação é alta, mas não justifica tamanha discrepância.
Aproveitem e deem uma olhadinha neste vídeo:
Mercedes ML 350 |
Pois é, moramos em um país que caminha para a terceira posição entre os maiores mercados consumidores de automóveis do mundo e ainda pagamos os maiores tributos sobre os carros com as maiores margens de lucros das montadoras no mundo. Não estou dando motivos para você não comprar o seu futuro zero km. Só estou mostrando o porquê de o mesmo ser tão caro aqui e tão barato em outros lugares (ou seria em todos os outros lugares?). É amigo, o Custo e o Lucro Brasil são
NOTA DO CLARK: Nós regulamos o mercado. Enquanto o brasileiro ver carro como sinônimo de status e não como um meio de transporte, continuaremos a ser extorquidos pelas montadoras. Sei que a tributação é alta, mas não justifica tamanha discrepância.
Aproveitem e deem uma olhadinha neste vídeo:
É simples assim, tem besta que paga então cobramos mais caro.
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