Protesto Black Power nos Jogos de 1968 rende desculpas a australiano seis anos após sua morte

O ex-atleta norte-americano John Carlos, mais conhecido pelo protesto Black Power na cerimônia da entrega de medalhas nas Olimpíadas de 1968, em que foi bronze nos 200 m, afirmou que as desculpas do parlamento australiano a Peter Norman, prata, podem ter vindo tarde demais.

Na última segunda-feira, vários políticos de Camberra ressaltaram o “heroísmo e a humildade” do velocista australiano por sua solidariedade a Carlos e Tommie Smith – ouro – no pódio da Cidade do México.

Norman não fez o conhecido gesto do protesto, mas mostrou seu apoio aos americanos usando o distintivo da Olympic Project for Human Rights em seu agasalho.

Peter Norman (à esquerda) usa o distintivo em apoio a Tommie Smith e John Carlos

 

Posteriormente, o australiano foi muito criticado em seu país e alguns relatos sugerem que ele tenha sido afastado de possíveis convocações olímpicas nos anos seguintes.

“Eu acho que ele nunca se recuperou”, disse Carlos à Australian Broadcasting Corporation nesta terça-feira. Para o americano, que citou as preocupações humanitárias, o caráter e a força de Norman, nenhum australiano deveria ser mais “honrado e reconhecido” que ele.

Norman morreu em 2006, vítima de um ataque cardíaco, e seu tempo de 20s06 na Cidade do México é o recorde australiano da prova até hoje. Durante homenagem no Parlamento australiano, o deputado Andrew Leigh disse que Norman foi punido por ser solidário a Smith e Carlos. “Foi um momento de heroísmo e humildade que levou consciência internacional para a desigualdade racial”, declarou, expondo suas desculpas.

Outro parlamentar, John Alexander, disse que o atleta foi condenado ao ostracismo pela mídia australiana e pelos dirigentes do atletismo no país. “O simples gesto de usar o distintivo no agasalho enquanto Smith e Carlos levantavam seus punhos em protesto condenou Norman a nunca representar a Austrália novamente".

Fonte: Portal UOL