Me lembro que até o início dos anos 90 todos os canais da tv aberta transmitiam o desfile cívico-militar do Dia da Pátria. Eu ficava acompanhando super interessado. Trocava de canal e via o de Belo Horizonte, mudava para pegar alguns momentos do de São Paulo, depois pulava para o de Brasília.
Era um acontecimento!
Isso quando eu mesmo não atravessava a Av. Afonso Pena como integrante do desfile de minha escola, o Instituto de Educação de Minas Gerais. Era motivo de orgulho.
Tempos em que havia hasteamento da bandeira e execução do Hino Nacional nas escolas. Nós alunos brigávamos para ter a honra de hastear as bandeiras do Brasil, Minas Gerais, Belo Horizonte e da escola.
Eu fiquei me perguntando quando e por que isso aconteceu? Seriam ainda rusgas do tempo do militarismo? Os civis de hoje em dia olham para trás e dizem algo como "é algo criado ou que foi marcante durante a Ditadura? Tô fora!"
Com o brasileiro é bem assim, oito ou oitenta. Nossa gente é incapaz de olhar para aqueles dias e pensar "bem, vamos analisar com calma. Nem tudo foi ruim, então vamos manter o que foi bom".
Infelizmente este comportamento não é exclusivo das pessoas comuns, mas típico de nossos governantes. Sim, pois só assim para explicar a retirada da grade currícular de disciplinas tão importantes como Moral e Cívica. Alguns argumentarão que eram ferramentas doutrinadoras do Regime Militar, mas eu pergunto, não dava para manter realizando os ajustes necessários? "Não! É oito ou oitenta", responderão alguns.
Nos foi dado liberdade e confundimos com libertinagem.
E como é nossa cultura atual? Certamente não são os únicos motivos, mas a retirada de Moral e Cívica da grade curricular e a esnobada ao Dia da Pátria contribuem e muito para que nossa mídia propague a cada dia que passa lixos sonoros que os pseudo-músicos tem a cara de pau de chamar de música.
Essa horda de onomatopéias ridículas travestidas de letras.
Enquanto assisitia ao desfile, vi várias pessoas com a camisa da seleção brasileira de futebol nas arquibancadas. Os pobres ignorantes, provavelmente associam essa camisa ao símbolo maior da Pátria. E sabemos, que apesar de representar o Brasil em competições futebolísticas, uma camisa da seleção de futebol está longe de cumprir este papel. Seria honra demais para um pedaço de pano usado por analfabetos idolatrados pelas massas. Que se dane os médicos, professores, cientistas, policiais e todos que gastam anos de estudos e recursos para ser um membro contribuinte de nossa sociedade. "Eles não jogarão a Copa do Mundo", dirão alguns.
Provavelmente são os mesmos do "oito ou oitenta". E os mesmos que não veem problemas no tchu-tcha, ai-ai-ai, blá-blá, tche-tche-re-re, hããã, shá-lá-lá etc "musicais". Antes de ascenderem as fogueiras, que fique claro que reconheço que as onomatopéias fazem parte da língua. Estou criticando o excesso delas nas mais recentes manifestações artísticas e estou usando isso como exemplo de como nossa cultura decaiu.
O Regime Militar alienou durante anos a população e quando os civis assumiram o poder, ao invés de revertermos o processo, parece que ele se intensificou.
Não estou dizendo para sermos cegos e capachos. Protestos, reinvidicações e vivenciar o cenário político do país também fazem parte do civismo e devem continuar ocorrendo. Quem acompanha o blog sabe que não sou ufanista. Muito pelo contrário. Em uma recente lista que fiz sobre os 15 hinos nacionais que acho mais bonitos não inclui o brasileiro.
Tampouco sou conservador, apenas não me incluo nos do "oito ou oitenta". Sei que sempre existe o ponderável e sábio "meio-termo". Ah! Eu também reconheço e respeito os símbolos da Pátria e não gosto das onomatopéias musicais.
Para os adoradores do tchu-tcha eu deixo o Dobrado Batista de Melo, composto a partir de um pedido do Senador da República Joaquim Batista de Melo ao compositor Matias de Almeida para celebrar a posse do Marechal Hermes da Fonseca, eleito Presidente do Brasil em 1910. Uma das mais lindas canções já compostas.
Para os adoradores do tchu-tcha eu deixo o Dobrado Batista de Melo, composto a partir de um pedido do Senador da República Joaquim Batista de Melo ao compositor Matias de Almeida para celebrar a posse do Marechal Hermes da Fonseca, eleito Presidente do Brasil em 1910. Uma das mais lindas canções já compostas.
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